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segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Parte II: Trabalhar, maternar, vencer

     Contei outro dia aqui como consegui ter minha filha durante a faculdade e sem parar de estudar. Porém, como boa formanda, eu preciso ter uma ocupação - um estágio, um emprego formal ou um trabalho autônomo. Fui, como a maioria dos alunos, pelo caminho do estágio... ops! Acontece que a lei do estágio não concede licença a mães - o que quer dizer que sim, quando a Stella nasceu, eu estava no maior olho da rua. 
     Mas calma, nem tudo está perdido (mais uma vez). Aliás, que sorte que tive. Estagiando em Furnas, tive a fortuna de encontrar uma boa equipe e uma chefe que entendeu a situação e que resolveu me chamar de volta após o tempo de uma licença normal. Trabalhei até a 38ª semana de gestação (e se eu soubesse que a Stella só nasceria com 41, teria trabalhado até o fim) e fazia de tudo para não faltar por conta das consultas do pré-natal. Ou seja: vida normal.
   No mês de julho de 2014, justamente 4 meses depois do parto, eu voltei à mesma sala do Escritório Central de Furnas. Mal acreditava. Aquele plano ousado de trabalhar, estudar e ter filho tinha se cumprido. A peteca não caiu.
     A opção por continuar estagiando foi bastante estratégica. Ao invés de me lançar a um emprego de verdade que provavelmente me tomaria 8h diárias, o estágio levava 4h e pagava justo o suficiente (quando você tem filho, aquelas regalias tipo sair-comprar coisas supérfluas-passear-viajar se afastam por um tempo) para manter a nossa casa funcionando. Além de tudo, eu gosto do que faço por aqui. Melhor impossível.
     Um dos meus grandes temores antes da Stella era justamente ter que parar de trabalhar. Como fui mãe cedo, a minha situação formal ainda não estava certa (e ainda não está, na verdade). Tive medo de me embolar nas funções e ter um rombo no currículo grande demais para sustentar um bom emprego no futuro. Na profissão de administrador, atualmente, boa parte das grandes oportunidades exige algo a mais - pós graduação, estágios e trainees em boas empresas. Como seria? Na corrida do bom emprego, os meus colegas de turma não tinham parado por um ano... ou dois... ou três...


Stella já faz parte do calendário de Furnas.

     Observando as outras mães, vejo que muitas mudam suas trajetórias por conta dos filhos. Atualmente, o Brasil carrega essa nova classe de "desempregadas" voluntárias. Muitas mulheres saem do trabalho por opção própria com o objetivo de ficar mais perto da prole, remanejando suas situações para uma produtividade mais caseira e/ou empreendedora e ficam bastante satisfeitas. Outras, infelizmente, são levadas a uma espécie de desemprego compulsório; sem condições para deixar alguém com os filhos (no meu caso, essas alguéns são as santas avós, senão o pai, que é metade do tempo home-officer), essas mães deixam seus postos para fazer o que ninguém mais faz melhor. 
    Entretanto, vejo que existe uma parcela de mães entre esses dois tipos: aquelas que carregam insegurança em relação ao retorno. Como eu digo, àquelas que trabalham (e gostam), a hora de voltar é sempre e nunca. Nunca, já nos parte o coração ficar longe das crias; sempre, para que também uma mulher adaptada não se perca, se ela sente vontade de trabalhar. 
   Quando chegou o meu momento de voltar, me agarrei à Stella. Porém, depois de dias de puro sofrimento, pensei que tinha que fazer o melhor por todos nós - e eu não estou falando de pagar contas. Sabe aquela frase "quando nasce uma mãe, nasce a culpa"? Eu tive o entendimento oposto. Se eu me tornasse uma mulher sem trabalho (coisa que não supooorto - adoro trabalhar), a Stella poderia crescer me vendo frustrada. Afinal, os meses vão passar e ela mesma vai se ocupar, seja na escola, em cursos ou atividades. Penso que a realização dos pais faz parte da realização e da segurança das crianças. Vejo o quanto o trabalho da minha mãe é importante para ela e faz parte de sua conduta, seu posicionamento na vida. Temos que dar exemplo. Como eu tenho o privilégio da ajuda dos outros, dá para conciliar tudo. 
    Recomendo às mães que gostam de trabalhar e têm essa possibilidade: não parem. Tudo se acerta e existe uma hora "certa" para cada coisa. A culpa passa assim que começamos a nos sentir bem com nossas funções novamente.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Curto meu trabalho tanto quanto...e diga-se de passagem: esse cabelinho da Stella tá uma graça! ^^

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