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domingo, 10 de agosto de 2014

A paternidade de Guilherme

    Um corpo estranho se forma. Passo a passo, aquilo que era do tamanho de um grão de areia vai tomando forma - cabeça, tronco, membros. Mãozinhas. Durante meses inteiros, as mulheres estão à mercê de todas as mudanças de uma gestação. Sentindo cada variação na própria pele, uma mãe se desenvolve com o seu ovinho. E como não? Nos preparamos para receber o espetáculo, seja pelo lado bom ou pelo lado ruim. 
    E lá está o pai, do lado de fora, como um peixe fora d'água. 
   Quando eu estava grávida, eu achava simplesmente sensacional o fato de uma mulher ser exposta a uma tamanha quantidade de novidades (hormonais, inclusive) durante o "estado interessante" e o pai ficar fora da festa, como um espectador. Sorte e azar. Como o pai desenvolve essa consciência? O que ele sente? Como ele vê tudo isso? Sexta, no Globo Repórter. 
   Eu juro que não fui uma grávida mimada, embora pudesse ter sido (talvez ainda possa ser). Não tinha requisitos alimentares e não ficava de dengo. Porém, havia do outro lado um interesse sobre o que eu sentia, física ou psicologicamente: um pai já havia ali. Guilherme e eu nos aproximamos ainda mais durante o processo, e eu gostaria até de ter aproveitado mais. Depois de um filho, toda a dinâmica de um casal se altera completamente. Mas algo muito precioso é conquistado. Para sempre. 
   O Guilherme é extremamente carinhoso com a Stella, e isso é muito gratificante para mim. Filha de pais separados, eu definitivamente não formaria uma família com um homem que não se interessasse e que não tivesse estes valores. Eu mesma sou bem mais desapegada e egoísta que ele. Em seus meses de vida, Stella ainda não sabe o que é um pai distante e nem eu (e ele está naquele movimento inverso de se tornar o pai que fica em casa com as criançãs enquanto a mãe sai para trabalhar). Ele se tornou peça indispensável de tudo. Com a sua ajuda, eu não me sinto cansada. Temos nossas diferenças, mas estamos muito voltados para a nossa filha. Eu acho que é assim mesmo. Algo se perde, ainda que momentaneamente, para um casal; algo se ganha, espero que para sempre, para uma família. Quando paramos e nos damos conta do que estamos fazendo, sentimos felicidade. Este é um tempo do qual nós dois vamos sentir falta.


    O pai sempre gostou da Stella. Desde a minha barriga. Desde quando a minha barriga nem aparecia. Ainda hoje ele me abraça pela barriga, como se ainda houvesse um bebê lá. Suas palavras carinhosas e brincadeiras sem graça nunca foram sem jeito. Os dois partilham da intimidade que é necessária e muito temida por tantos pais. Guilherme teve pouquíssimos momentos de estranhamento, vergonha ou timidez com a filha. A filha é dele, e é isso. Ele sempre deu banho, trocou de roupas, pegou no colo, conversou com ela. Minha mãe o chama de "pãe" - e que alegria eu carrego! Sinto que acertei na mosca. A paternidade talvez já estivesse nele, só que antes ele não tinha filhos. Só assim fica tão natural. 
    No primeiro dia dos pais do Guilherme, espero dar de presente (e à Stella) uma relação proveitosa e duradoura. Já que o pai não gesta, não pare e nem amamenta... que alguma coisa aí sirva de compensação :)     
    Feliz dia dos pais para todos!

Um comentário:

  1. Cresci com pai distante e acho fundamental esse contato entre o filho e dois universos (o pai e a mãe).. acho que toda formação de caráter plena vem de exemplos e quando se tem dois pesos e duas medidas pra contrastar, o ser humano cresce mais rico! Muito amor de papai pra Stellinha sempre! beijo!

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