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quarta-feira, 6 de agosto de 2014

É peito, peito e peito!

    Estamos na Semana Mundial do Aleitamento Materno - e essa é definitivamente uma das partes mais desafiadoras e legais de ser mãe de um bebê. 
   Tenho que confessar que nunca me pareceu ser algo digno de preocupação. Quero dizer, somos mamíferos, não é mesmo? O natural seria simplesmente amamentar, né? O que eu não sabia é que essa relação entre mãe e bebê (especialmente no período de amamentação exclusiva, até os seis meses de idade) é especialmente peculiar, podendo ser inclusive problemática. Por outro lado, é muito, muito, muito gostosa.    
   Primeiramente: para mães de primeira viagem, os primeiros momentos de peito são difíceis. Se a Stella fez a pega certa? Ora, aparentemente sim. Ela mamou nos primeiros quinze minutos de vida, e foi rotulada como uma verdadeira bezerra desde então. O bichinho é esfomeado e até hoje mama quase sempre que há oferta.


Blurp.

   Eu tive colostro desde mais ou menos o sexto mês de gravidez. Ok, por aí. O que foi realmente assustador para mim se chama apojadura - um momento propício para jogar a toalha, penso eu. Imagine: lá está você, ainda se recompondo do cansaço do parto, inundada de emoções desconhecidas, com um bebê pequeninininho que quer mamar tipo o tempo inteiro. A oferta de colostro está fluindo. Aí, um dia, você acorda e é a próxima capa da Playboy (juro que me senti assim quando levantei e estava magricela e muito, muito peituda). Parece bom? Muito sexy, mas, isso doi. Dá febre, se bobear. E pinga. Muito. Se eu tivesse me organizado melhor (me sinto culpada por isso), teria doado garrafas e garrafas de leite para o IFF. Lembro de ficar acordada durante a madrugada entre uma mamada e outra ordenhando, sabendo que se eu dormisse, a dor do ingurgitamento no dia seguinte seria grotesca. 
    Esse é o momento da troca de leites, digamos assim. O que era colostro - o primeiro leite, lotado de anticorpos e com muitos nutrientes - é substituído por leite materno, o mesmo que é produzido até o desmame. É o sinal de que o bebê nasceu e o corpo materno entendeu isso. Por isso há toda essa preparação dolorosa para um período que pode durar meses ou até anos. A boa notícia: isso dura dois ou três dias. Ou seja, passa. 
    Depois disso, veio um terceiro momento, para mim o psicologicamente mais difícil: a dependência do bebê para com a sua mãe. Lembra aquela história de ficar sem sair de casa por meeeeses depois do nascimento? Sim! Ele vai precisar de peito a qualquer momento. Sem essa de rotina de aleitamento para um bebê muito pequeno. Conseguir colocar mamadas mais ou menos a cada 2h na Stella quando ela tinha 2 meses (porque eu precisei ir para rua e estudar) e foi bastante difícil. Um bebê tem um estômago bem pequeno e uma digestão bem rápida, o que quer dizer que eu amamentei 10 ou 12 vezes por dia durante muitas semanas - o que pode ser cansativo e até irritante. No primeiro mês, dar uma saída de 30 minutos exigia uma verdadeira operação. Dormir era até divertido, quando acontecia. E a opção de "vou tirar um dia para mim", "vou dormir até mais tarde", etc não existe. A mãe sou eu, né. A boa notícia: isso se acerta. Hoje, aos 4 meses, a "livre demanda" da Stella já está em torno de 3h em 3h, e às vezes dormindo noites de 7h diretas. Ou seja, passa. 
     O quarto momento (o que eu estou agora) é aquele em que há uma leve emancipação entre mãe e bebê. É bom poder sair todos os dias; chato é sair por mais de três horas e, ao invés de amamentar o meu bichinho, deixar o leite no congelador. Stella é tão esfomeada que pegou a mamadeira sem nem pensar em deixar o peito. Mas é uma chatice necessário. Mesmo trabalhando e estudando, ela continua em amamentação exclusiva - e vai ser assim até os seis meses de idade, como deve ser, de acordo com o Ministério da Saúde. 
    O que mais passa? A amamentação exclusiva. :( E eu já estou com pena. Eu gosto muito de amamentar, apesar de reconhecer que exige bastante. Porém, vejo que há muito mais do que alimentação no leite materno: há apego, amor, sorriso. É lindo quando estou amamentando e a Stella para o que está fazendo, olha para mim e sorri. Sei que estou fazendo o melhor pela minha filha , provendo-a nutrição e saúde. E eu quero amamentar muito, até quando a Stella quiser. E meus outros filhos. Amamentar é tudo de bom. 


    A minha falta de neura ao amamentar se deu por um mero fato: preocupadíssima com o parto, nem me lembrei de certos fantasmas de muitas mães (e nem ouvi as pessoas chatas, só faço cara de alface e sigo amamentando com muito prazer). Nenhum deles me assombrou. Se você é/vai ser mãe, um breve guia de pedras no sapato da amamentação: 
1 - Meu colostro desceu na 26ª semana de gravidez, mas isso não é regra. Algumas mães já param por aí, ficando assustadas com a "ausência de leite" pré-bebê e pensam que não serão capazes de amamentar. Mas: o corpo é inteligente. Se ele foi capaz de produzir um bebê, ele será capaz de produzir leite. 
2 - A apojadura é cruel, mas passa. Há bebês que estranham a diferença de pressão (imagine que a torneirinha disparou - a coitada da Stella vivia engasgando), mas isso não quer dizer que eles não gostem mais do leite. É só um momento de adaptação. 
3 - Quando nasce, embora tenha instinto, o bebê ainda não é profissional em mamar. Muitos bebês fazem a chamada "pega errada" (podem passar semanas mamando errado e até perdendo peso) e alguns machucam as mães. Sei de histórias bem feias que envolvem bicos sangrentos. Não desistam! Procurem ajuda, há hospitais e profissionais especializados em amamentação e seus problemas. 
4 - A grande magia: para ter leite, é preciso amamentar. Vejo muitas mães dizendo que "o leite não desceu" ou "o leite é fraco" (?) Tirando pouquíssimas excessões, todas as mães produzem leite completo para seus filhos. Sem problemas, sem neuras. 
5 - Sei lá, acho que por comodidade - para dormir uma noite inteira, para evitar essa rotina de dependência - muita gente simplesmente abre mão desses momentos preciosos (eu até acredito numa conspiração entre pediatras ruins, mães com outros interesses e a indústria de leite artificial! Por exemplo, quando eu era bebê, tinha uma máxima de que se o bebê não dorme, o leite é fraco: leite artificial neles! Assim ele vai dormir...). Insista. Não deixe o cansaço te vencer. Você vai sentir falta depois - nem que seja de poder ter custo zero com a alimentação de um filho.
6 - Tropeços na hora de voltar à vida corriqueira: por falta de opção ou por praticidade, muitas mães atropelam o tempo natural de seus filhos, dando alimentos antes dos seis meses. Insista. Se houver dedicação e um jeito, vale a pena a alimentação exclusiva até os seis meses. 

  Amamentar, para mim, é empoderamento. Exige determinação, dedicação, disponibilidade. O que deveria ser natural mexe tanto com o sono/alimentação/rotina e se torna um verdadeiro desafio. Mas ê, coisa boa! Nada melhor do que uma garota esfomeada em minha direção. Feliz semana do peito!

Um comentário:

  1. Muito legal ler sobre essa parte! O leite materno previne obesidade e outras coisicas! Mamei até os 4 anos de idade :)) tadinha da minha mãe, mas, passou! Atualmente, sou bastante saudável (tirando essa gastrite recém-adquirida), tenho gripe apenas 1 vez ao ano... de acordo com os pediatras da época, culpa do leite materno! :)

    beijo!

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