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segunda-feira, 9 de março de 2015

Tem uma mãe no BBB

Vocês assistem o BBB? Já assistiram? Sabem do que se trata? Pois é, eu assisto diariamente. Assisto porque pessoas são sempre interessantes. Assim como sempre leio os 50 fatos de vocês, quero saber mais sobre pessoas. O que fazem, como vivem, como se relacionam.

No dia da mulher de 2015, uma coisa diferente aconteceu no BBB: uma participante decidiu sair do jogo. Isso já aconteceu antes, mas nunca tendo percorrido um caminho tão longo. De um lado, vemos Tamires - paulista, 24 anos, cirurgiã dentista, chorona, e mãe - muito emocionada, dizendo que estava feliz em sair, que sentia saudade de casa, de sua filha de 3 anos, que não estava sendo ela mesma. Do outro lado, vemos a Globo puta da vida. Pelo jeito, "desistir" do BBB depois de toda aquela seleção de candidato é altamente frustrante para a produção. Boninho, Bial. Ana Maria Braga estava mais séria hoje do que ultimamente. Um a menos encurta o jogo. Diminui o tempo de patrocínio. É menos voto. É menos programa. É menos dinheiro.

Fiquei muito chocada ao ver o que o Boninho disse para os restantes. Frases como "quem sai é desistente, é perdedor" são muito rudes e desumanas. Sei lá, parecia que ela estava abrindo mão de uma enorme oportunidade. Abrindo mão. Boninho usou palavras como "suicídio de candidato". Gente?!

É que algo estranho acontece conosco; nós, as mães. Para mim, Tamires não é perdedora. Ela apenas optou por manter seus valores - ao ver que eles não estavam sendo exercidos, ela entende que não está satisfeita e decide ficar em paz ao sair da situação. Desperdício de oportunidade? Será? 

Hoje pela manhã, Ana Maria Braga (sim) perguntou, em voz séria e dura, se ela estava decepcionada com o jogo, se havia pensado que seria diferente. Tamires nos mostra (acho que pela primeira vez) um lado humano daquilo tudo. Ao invés de festas, bebedeira, piscina e academia de graça, dentre outros, Tamires sentiu a ausência de sua família, a pressão dos demais concorrentes, o clima pesado de um jogo de eliminação de pessoas. 

Aprendam: tudo na vida tem um preço.

Enquanto mãe, o que eu não consigo entender é: o que há de errado? Isso é parte de ser mãe. A partir do que se torna "mãe", nenhum momento que não é compartilhado é completo. Um pedaço de nós se vai a cada distância. Se ganhamos e não estamos próximos aos filhos, a vitória jamais será completa. Pode parecer pouco ficar três meses longe de um filho. Mas, acreditem, eu (por enquanto) não ficaria nem três dias. A saída não foi somente por isso, mas com certeza absoluta esse fato pesou. Pode ser que outra candidata com um filho menor quisesse ir até a final com garra - no caso de Tamires, não. E tudo bem, obrigado.


A Tamires não ganhou R$1,5 milhão, mas ganhou a presença de sua filha quando sentiu que não aguentava mais ficar longe dela. O que há de errado nisso? Ser mãe é ganhar mais humanidade. As pessoas vêm antes das coisas. No polêmico dia da mulher, isso foi discutido: geralmente são as mulheres que abrem mão de carreiras, bons empregos e super oportunidades pelos filhos. Às vezes abrimos mesmo. Se abrimos, é de coração e, mesmo sentindo a perda destas demais coisas, preferimos abrir do que se perder de um sentimento que é tão importante. É duro decidir e "desistir" das oportunidades, mas há algo de mais especial que acaba valendo a pena. 

E dica: vamos parar com essa de acusação de desistência. Todos são livres para mudar suas trajetórias. Eu já ouvi esse discurso antes e ele me mostra que há muito a ser mudado. Mudar de trajetória não é desistir, é se reinventar. Não só as mães deveriam poder abrir mão das coisas que não gostam. Todos deveriam poder.

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