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quinta-feira, 19 de março de 2015

Há um ano que não durmo


Há um ano que não durmo. Há um ano que vivo mais do que o esperado. De todas as formas de viver, optei por isto. A maternidade é um vício que eu gosto de exercer. Há um ano que não durmo. Nino, brinco, amamento. Mas não durmo. Escrevo, leio, trabalho, produzo, me formo, mas não durmo. No comercial da Ortobom, lá estava a sentença: trate bem o seu colchão, você passa um terço da vida sobre ele. Um terço. Eu? Eu não passo um terço não, obrigada.



Muito se fala sobre o místico sono das mães. O comparam com as fadas e os unicórnios. Ele de fato existe? Pragas são rogadas. Do lado de cá, muito se reclama. Dormir vira um bem precioso, uma moeda de troca. Tudo vira. Um banho longo. Um bom jantar. Dormir é presente de aniversário, férias, etc.
Nego todos os rótulos e lhes apresento a verdade:
eu
gosto
de viver
assim.


Vejam bem, não que não haja cansaço. Há cansaço, e muito. Mas, por outro lado, encontro forças que nunca achei que tivesse. Me obrigo a dormir só pra não quebrar recorde, não virar a noite em claro. Se não tivesse nada para fazer no dia seguinte, acho que assistiria um filme por madrugada.

Sabe o que acontece com uma mãe? Ela se torna resiliente. Só os fortes sobrevivem. Descobri que eu funciono bem dormindo 6 horas por dia e acordando pelo menos uma vez por noite. Senão, já tinha cedido a babás, "técnica" de deixar o bebê chorando caso ele acorde, mandingas, viagens sem a cria, qualquer coisa. 
Estou há 365 noites sem as tais 8h seguidas. Parece chocante quando eu digo, mas na prática não é ruim. Devo estar envelhecendo, mas a causa é justa. Há muitos meses que eu simplesmente acordo sozinha no meio da noite - e eis o relógio biológico mãe-bebê. Às vezes eu acordo e a Stella só acorda um tempo depois.

Descobri que nesse tempo de sono perdido, ganho coisas. Não dormir é psicodélico. Entra-se num estado de superalerta. Me sinto no Clube da Luta, mas sem insônia ou qualquer tipo de sentimento negativo. Quando acordo de noite, penso. Faço planos. Tenho ideias. Aproveito do silêncio.

Houve um tempo no qual eu me estressava por viver assim. Já tentei fazer a Stella dormir um sono regrado - mas olha a maternidade anarquista aí de novo. Convenço-me de que um dia ela vai aprender a dormir por mais de 5h seguidas. Eduquei-a para dormir de noite, e isso faz de nós seres civilizados. Mas não ouso ir além. Já passei boas noites em claro tentando seguir técnicas de livr... por que estou fazendo isso?

No aniversário da Stella (20 de março), comemoro: o meu primeiro ano como mãe, o primeiro aniversário do meu bebê, um ano de amamentação, um ano sem dormir uma noite inteira. Se eu ligo? Not at all.

E digo: filhos são ótimos remédios para insônia, dramas paralelos desnecessários, preguiça e falta de produtividade/má gestão própria.

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