Curta no Facebook!

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Porque ainda amamento

É fato: daqui a pouco, vai ficar muito "questionável" a opção de ainda estar amamentando minha filha, que hoje tem 10 meses. Questionável para os outros - para mim, é muito lógico.

Existe um peso cultural muito grande sobre a amamentação. Ele começa a se projetar sobre as mães que não amamentam e carregam secretamente a culpa (que pode ser pequena ou grande) de não fazê-lo. Então, enquanto você está lutando para tentar amamentar e fazer o melhor para o seu filho, naquele começo onde tudo é dor-novidade-cansaço-palpites desagradáveis, há uma pressão para que você amamente. É uma pressão quase geográfica - minha mãe fala que só as mães de terceiro mundo amamentam com tanto êxito. Nos EUA, onde a cultura é peitocêntrica e um par de seios fartos tem o mesmo impacto que a bunda da Paolla Oliveira por aqui, é fácil ver mamadeiras no primeiro ou segundo mês de vida dos bebês. Amamentar em público? Nem pensar, mães americanas amamentam no banheiro.

Até os 4 meses da Stella, eu escutava uma pergunta recorrente: "você ainda está amamentando?". Depois de muito me perguntar sobre essa pergunta (uai, não é óbvio?), me dei conta de que essa era a maneira mais educada de saber sobre o processo natural da amamentação. Sim, amamento. O feedback dos outros era positivo - que bom, está certo.

Seguimos os 6 meses de amamentação exclusiva. É difícil e exige muita dedicação (além de presença quase constante ao lado da minha filha), mas passou. Passou, como tudo passa. Só de saber que em 2012 a média de amamentação brasileira era de 42 dias (!!), fico feliz de termos conseguido e com muita alegria.

Entretanto, sei que estamos chegando a um ponto crítico. Quando o bebê deixa de ser uma criaturinha indefesa e vira uma criança autônoma? Stella já anda. Quando vão passar a me olhar torto? Minha mãe já fala que "está de bom tamanho". Toda aquela cultura que pregava a amamentação se dissipa com o tempo. Eu fui amamentada até os 9 meses e o Guilherme, até os 8. Acho que a geração passada foi "menos" amamentada, num geral. Para as mães dessa geração, isso poderia ser um tabu. O mito da dependência prolongada, da falta de vida própria (é), do bebê ficar mais "bobo" e menos independente...



E quanto a nós? O que nós achamos?

A considerar que:
1. O aleitamento deve se fazer até os 2 anos de qualquer criança, seja de leite materno ou qualquer outro que não o de vaca. Consideremos que eu decida desmamar a Stella hoje. Consideremos que uma lata de leite artificial - que não oferece imunidade, que é menos saudável, que às vezes contém açúcar e um monte de químicos - custe no mínimo R$20. Façam as contas. Pensem que até hoje não compramos um pacote de fraldas (obrigada, super chá) e nenhuma lata de leite. Até que bebês não são assim tão caros como todo mundo dizia...

2. Eu até hoje não menstruei e não uso pílula. Demais, né? A livre demanda de leite faz com que eu não tenha que passar por essa chatice mensal desde o meio de 2013. Ao mesmo tempo, continuo emagrecendo. Hoje me pesei num médico de exame admissional e estava com 45kg - quando falei que era por conta de livre demanda de leite, ele fez uma cara... hahaha

3. Dizem que amamentar cansa, mas, apesar de não dormir uma noite inteira há um ano, não me sinto tão desperta há muito tempo. Não me sinto sugada ou enfraquecida. Sinto como se um líquido mágico da saúde corresse em minhas veias, esse que é revertido em leite. Há quantos meses não fico doente... Por ele mantenho hábitos saudáveis desde a gravidez. É gratificante.

4. Tenho certeza que estou provendo saúde à Stella e principalmente a manutenção desse vínculo - quem já amamentou, sabe a delícia que é. É um momento que não volta. Amamentarei enquanto ela quiser.

E pela Stella? Tá ruim de desmamar. Nenhuma perspectiva de desistência. Pelo jeito como nos relacionamos, essa love story vai longe. O jeito como ela me procura durante a noite; como acorda como um passarinho, de olhos fechados, chorinho solto e boca aberta; ela quer o que é mais querido para nós. Melhor pra mim e para ela.
O Ministério da Saúde recomenda o aleitamento materno até os 2 anos ou mais. No que depender de nós duas...

Nenhum comentário:

Postar um comentário