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segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Retribuição

Começamos a tê-la ao nosso lado no inverno passado. Era frio e parecia o certo a fazer. Como deixar tal criatura em seu tamanhozinho de botão ali, sozinha, sem o calor de seus pais?
Sei do tabu de dormir ao lado dos filhos, mas eu sinceramente não consigo não praticar esse apego. Hoje a cama é dividida em três. Se dormíamos, eu e o pai, numa cama de solteiro, nada mais justo do que uma cama de casal para a família toda.
Dormir sem ela? Já não sei. Me nutro da necessidade que acho que ela tem de mim. De repente ela nem precisa tanto assim de mim, mas eu preciso dela. Preciso acordar do seu lado, fazer carinho em seus cabelos, dormir mais um pouquinho. Raras foram as vezes em que dormimos separadas desde do que começamos, mas nenhuma delas foi ideal. Dizem que uma mãe nunca mais dorme - eu, mãe que sou, sem planejar, só durmo bem com ela do lado.
Nada melhor do que uma tarde dormindo juntinhas. Organizei minha vida para poder aproveitar as maravilhosas tardes em que pegamos no sono ao mesmo tempo. Também acordamos juntas. Para vários aspectos, ainda somos uma só.
Normalmente ela não gosta de dormir agarradinho, como eu adoraria. Pena. Seria a minha melhor conchinha. Depois de mamar e cair em sono profundo, ela se desvencilha dos meus braços protetores e vai dar piruetas sonadas, chutes na cara do pai. Tudo bem.

Essa noite, apesar de tudo, foi diferente. Num rompante de raiva, vejo o pai se levantar, ligar a luz do quarto e caçar um mosquito. Ao mesmo tempo, Stella dá uma choradinha e se vira para bem pertinho de mim, [depois de um ano inteiro], fundindo-se ela mesma
na melhor e mais especial conchinha.

Não me lembro exatamente de como foi, mas me lembro da sensação.
Assim são os filhos: passamos a vida a dar tudo o que temos e o que somos sem nada pedir em troca;
quando, por um acaso, por sorte ou por azar, eles retribuem...
parece que ganhamos o mundo inteiro.

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